Em uma cidade distante, chamada Wynsterra, morava uma linda garota, a pequena Lucy.
Linda, pálida e de olhos verdes, Lucy parecia inofensiva, mas aquele doce rosto escondia um doloroso passado. Há cinco anos atrás, ela havia perdido os pais numa trágica viagem.
“Era noite, estava escuro e frio, papai dirigia, enquanto mamãe procurava uma estação de rádio que fosse do seu agrado. Eu estava no banco de trás, trançando os cabelos, quando de repente, aconteceu. Foi tudo tão rápido, não pude ver nada, só uma imensa claridade. Jamais esquecerei o sorriso de mamãe e o brilho nos olhos de papai enquanto cantarolávamos Mozart. Papai amava sinfonias, me ensinou desde cedo a apreciar boa música.”
Lucy então, acordou de seu sonho que lhe mostrava a noite em que ela mais se concentrará em esquecer, à noite em que seus pais morreram.
“Tudo bem, é só mais um dia dessa minha vida tediosa e insignificante”. Isso era o que Lucy queria acreditar todas as manhãs ao sair da cama, mas nem sempre conseguia.
Lucy morava com sua avó, no lado sul da pacata Wynsterra, mudou-se para lá logo após a morte de seus pais. A avó era sua parente mais próxima, ou pelo menos a única de que Lucy compartilhava da existência.
Lucy era muito reservada e via a avó como sua melhor amiga. As férias de verão estavam por terminar, na semana seguinte Lucy se iniciaria na Universidade de Medicina de Wynsterra.
Os dias passam, a ansiedade aumenta...
Enfim, o grande dia chega. Primeiro dia na Universidade de Medicina de Wynsterra.
Chegando lá, enquanto os grupinhos se formavam, ela apenas observava.
Lucy era meio, anti-social, não ligava muito pra amizades. Focava-se apenas nos estudos, sonhava em se tornar legista. Ela acreditava que jamais deixaria as pessoas sem explicação para morte, ela achava isso, e até mesmo a própria morte injusta, de certa forma a morte de seus pais influenciou muito sua ideologia atual, talvez pelo fato
De nunca ter encontrado um corpo para enterrar ou ao menos se despedir.
As aulas se passavam. Cada vez mais encantada com sua nova escola, Lucy fez seu primeiro contato. Jazz era seu nome. Reservado e tímido, Lucy logo se identificou, e se tornaram amigos, melhores amigos e confidentes.
Lucy às vezes achava Jazz tão estranho, mas de certa forma só ele a entendia. Talvez por que os dois fossem “esquisitos”. “Talvez nos sejamos os mais normais daqui”, pensava Lucy enquanto fazia caretas na frente do espelho. Ela dizia que era para evitar rugas.
Dia 23 de outubro, fazia seis anos que Sr. E Sra. Castellary, pais de Lucy haviam morrido. Ela estava, digamos, depressiva, e acabou contando o motivo a Jazz, que tentou faze - lá se sentir melhor.
“Quando acordei, chovia muito, minha vista estava embaçada, sentia uma dor inexplicável, mesmo assim suplicava socorro, não via, nem ao menos ouvia ninguém. Será que mamãe e papai estão bem? Era tudo o que conseguia pensa. Um casal, não sei seus nomes, me socorreu, antes que o carro explodisse. Lembro-me vagamente de seus rostos. Apaguei, quando acordei já estava em uma cama de hospital.(...) Os corpos nunca foram encontrados.”
Em prantos, Lucy compartilhava sua dolorosa lembrança com seu melhor amigo.
Um semestre inteiro se passou, Lucy voltava para a casa de sua avó, que para sua tristeza estava muito doente.
“Vovó sempre teve problemas de saúde, mas agora. –se fez um minuto de silêncio- Ela está muito mal, estou realmente preocupada.”
Lucy comentava ao telefone com Jazz, que tentava, tranqüiliza-la, mas foi em vão. As preocupações só aumentaram e o pior acontece. A avó de Lucy faleceu. E agora? Lucy não tinha mais ninguém. Não. Ela tinha Jazz, seu melhor amigo que esteve com ela nos momentos, em que tanto precisara.
A vida continua, mesmo que fosse melhor que parasse, às vezes. “Tenho voltar a escola, e isso farei, me formarei e deixarei a todos que amo, vivos ou mortos, porém orgulhosos”, era tudo o que Lucy tentara mentalizar.
O primeiro ano chegava ao fim e o segundo estava por vir, Jazz e Lucy ansiavam pelas aulas práticas, que logo na primeira quinzena vieram. Primeiro e emocionante trabalho em dupla: análise da arcada dentária. Para eles foram separados dois cadáveres, um casal. Não seria um simples trabalho, mais sim um teste, um teste avaliatório, que aconteceria na próxima semana. Porém, como Jazz era amigo do encarregado dos corpos da Universidade, pode ver seus futuros pacientes. Um lindo casal, que pela imaginação fértil de Jazz tinham uma certa sintonia, e a mulher tinha os olhos de Lucy, lindos e verdes como uma ametista.
Enfim é chegado o dia do teste.
Lucy examinara o belo cadáver feminino, enquanto Jazz o masculino.
Mas, os ver os resultados, lembraram-se do ano passado, quando em uma aula do Sr. Walker, examinaram a si mesmos e relataram algo inacreditável, o DNA de Lucy era compatível com o do casal.
E naquele exato instante Lucy acabara de encontrar seus pais. E ali estavam, enfim juntos.
Bárbara
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